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Mesa Quadrada #10: Quebrando a Quarta Parede

Olá, pessoal! Pretendo levar para vocês uma coluna bem bacana. Trata-se do termo “quarta parede”. Afinal, o que seria isso? Qual o sentido da palavra “quebrar” junto a esse termo pouco difundido entre as pessoas? Isso tem alguma relação com as séries CH? É o que vocês irão descobrir agora. Tenham uma boa leitura!

Acredito que todos que estão lendo essa coluna saibam como é a estrutura de um teatro. Pois bem, o assunto tratado aqui tem origem nesse lugar e acabou expandindo-se para outros meios, como televisão, cinema e até mesmo em videogames. O escritor e filósofo francês Denis Diderot foi quem usou o termo “quarta parede” pela primeira vez:

“Então, caso façais uma composição, ou caso representeis, pensai no espectador apenas como se este não existisse. Imaginai, na borda do teatro, uma enorme parede que vos separe da plateia; representai como se a cortina não se levantasse”.

Em suma, a tal quarta parede é aquilo que separa o espectador da ficção. Não passa do imaginário das pessoas para ativar a suspensão de descrença nos espetáculos apresentados. Mas qual seria, então, o sentido de “quebrar a quarta parede”?

Quando algum espetáculo tem a sua quarta parede derrubada, os personagens passam a interagir com o espectador, eles começam a enxergar que o que estão fazendo não é real. Assim como a quarta parede está presente em vários tipos de mídia, a quebra dela também vai além do teatro. Em videogames, nos jogos da série Sonic the Hedgehog, por exemplo, o personagem principal torna-se impaciente com o jogador quando permanece por muito tempo sem fazer nenhum movimento no jogo. No cinema, temos o exemplo do clássico “Curtindo a vida adoidado”, onde o protagonista eleva a sua inteligência social com o público.

Mas isso também acontece nas séries CH? Claro que sim! É um dos exemplos de quebra da quarta parede na televisão, como acontece em “Os Simpsons”, por exemplo. Eu selecionei algumas dessas derrubadas usando o critério de diferenciação, focando principalmente em Chaves e Chapolin. Embora a maioria não seja direcionada especificamente ao público, elas mostram um desligamento dos personagens do mundo da ficção. Ah, lembrando que eu não considero os famosos anúncios de continuação de episódios, é claro.

Pai por algumas horas – Parte 2 (Chaves – 1978)

Sem título

Logo no comecinho do episódio, temos uma das várias maneiras de derrubar a quarta parede: uma conversa entre um personagem, no caso a Dona Clotilde, com uma pessoa fora do mundo da ficção, no caso o narrador. A reação da Bruxa do 71 ao ser chamada pela sua alcunha a desliga, naquele momento, do mundo de ficção de Chaves.

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Um astro cai na vila – Parte 2 (Chaves – 1979)

Sem título 1

Esse é um ótimo exemplo de quebra da quarta parede, já que o próprio personagem, no caso a Chiquinha, reconhece que está em um espetáculo televisivo ao questionar Hector Bonilla, dizendo se ele aprendeu o bordão “pois é, pois é, pois é” de algum programa de televisão. Aliás, talvez possa ser considerada quebra da quarta parede somente pela participação do próprio galã mexicano, já que ele interpreta a si mesmo no episódio, tanto que o Chaves diz que é amigo dele, uma brecha deixada por Roberto para fazer uma auto-referência.

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O ventrilouco (Chapolin – 1976)

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Esse também é um ótimo exemplo. Durante as várias tentativas do Chapolin para provar que não é um boneco, o empresário (Horácio Gómez) pergunta ao Chory (Rubén Aguirre) quem fez o boneco daquele jeito. Nesse momento, o ventríloquo diz que foi Roberto Gómez Bolaños. É uma típica quebra da quarta parede, onde os personagens mencionam as características do programa.

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A volta do renegado (Chapolin – 1979)

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Digamos que esse é um exemplo de semipermeabilidade da quarta parede. Refiro-me a parte em que o Chapolin diz que está tirando todos os rótulos das garrafas do bar porque é proibido anúncios de bebidas alcoólicas no presente horário em que ele está falando, ou seja, da exibição do programa. A intenção até pode ser direcionada para a quebra da quarta parede, embora possa ser encarada apenas como uma piada situacional.

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Os maluquinhos na televisão (Chespirito – Pancada – 1987)

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É claro que eu não poderia deixar essa de fora. Os dois malucos mais famosos da televisão derrubam a quarta parede com uma coisa “mais eficiente que uma escavadeira”: a loucura. É exatamente esse elemento que originou a mais famosa quebra da quarta parede das séries CH. Chespirito soube aproveitar todas as características do quadro para criar um episódio que vai além do próprio conceito de quebra da quarta parede. Eu diria que é até uma das melhores fugas do mundo da ficção dentre várias séries e filmes.

E isso é tudo, pessoal! Espero que tenham gostado. Ultimamente eu não estou tendo tanto tempo para me dedicar ao blog, mas farei o possível para levar a vocês conteúdos de primeira.

5 Comentários

  1. victor235

    Ótima coluna, eu desconhecia este termo. Bons exemplos, lembrou até da cena dos rótulos nas garrafas. Adicionei uns links e dei uma formatada no post.

  2. victor235

    Guilherme, essa tirinha por exemplo, é um exemplo de “quebra da quarta parede” ou apenas uma “intertextualidade” ou outra coisa? https://scontent-a-mia.xx.fbcdn.net/hphotos-xap1/v/t1.0-9/10671215_548419291956206_2124625205443681986_n.png?oh=674a3593833ed19167b00548ffae1b8c&oe=54C6232D

    • ChapolinColorado

      Eu prefiro encarar como uma “quebra da quarta parede”. Aliás, os gibis da Turma da Mônica usam muito desse artíficio. Seria um exemplo de intertextualidade se parte da piada dessa tirinha estivesse em um outro quadrinho. Aí teríamos uma paródia, por exemplo.

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